
A Associação de Socorros Mútuos (ASM) de São Bento das Peras, Rio Tinto, Gondomar, assinalou, esta segunda-feira, 14 de abril, 130 anos de vida ao serviço da comunidade, num evento marcado por emoção, reconhecimento e inspiração para o futuro. A data foi assinalada com uma cerimónia solene que reuniu dirigentes mutualistas, representantes autárquicos e associados, num tributo à memória, ao papel de intervenção social que desenvolve e à visão de futuro desta instituição centenária.
Na abertura do evento, o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Luís Araújo, reconheceu o valor da história construída pela associação: “130 anos significa que esta instituição conseguiu agregar um conjunto de pessoas que se entregaram, de forma altruísta, ao socorro mútuo, preocupando-se sobretudo com os outros.” Destacou ainda a responsabilidade dos poderes públicos em acompanhar o trabalho das mutualidades:
“A nossa obrigação é seguir na retaguarda, parando nos vossos destinos.”
A intervenção de Luís Alberto Silva, Presidente da União das Mutualidades Portuguesas (UMP), trouxe um olhar abrangente sobre o papel do mutualismo nos nossos dias e destacou o exemplo de intervenção social das associações mutualistas em Gondomar, onde a ASM São Bento das Peras e a AMUT “impactam diretamente um universo de cerca de 50 mil pessoas, geram mais de 30 postos de trabalho, oferecem cuidados médicos e previdência social, investem em inovação, turismo social, formação e bem-estar.”
Recordando que o mutualismo tem mais de oito séculos de presença em Portugal, reforçou que a ASM São Bento das Peras é hoje “o reflexo dessa tradição e, ao mesmo tempo, da modernidade”. Destacou o investimento da associação na área da saúde, com a inauguração da sua clínica em 2019, bem como os projetos em curso nas áreas da infância e da terceira idade, possíveis graças à capacidade de mobilizar fundos como o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
“São Bento das Peras é para nós um exemplo de uma associação que teve a coragem de avançar, de recorrer a financiamentos disponíveis para criar novas respostas para os seus associados e para a comunidade. Os vindouros saberão reconhecer o arrojo e a visão destes dirigentes que não se limitaram a herdar um legado, mas o souberam honrar, potenciar e exponenciar”, afirmou o dirigente da UMP
Nuno Oliveira, Presidente do Conselho de Administração da ASM de São Bento das Peras, sublinhou a importância do legado deixado por gerações de dirigentes e associados. “265 mil dias. É esta a soma dos anos, meses, semanas e dias que nos separam deste gesto fundador, de uma simplicidade que hoje nos move pela sua profundidade.” Lembrou que a associação nasceu com o propósito de garantir um funeral digno a cada associado, garantindo que ninguém fosse esquecido ou abandonado. Hoje, a missão mantém-se viva e adaptada aos tempos modernos: “Somos memória viva de uma tradição de solidariedade. Uma estrutura que honra o passado, mas que olha com confiança para o futuro.”
As homenagens marcaram também a cerimónia, com destaque para os associados Generosa Oliveira (104 anos), Joaquim Pais (101 anos) e Maria da Conceição (91 anos) e para todos os dirigentes que marcaram o percurso da associação ao longo das décadas.
Delfim Azevedo, Presidente da Mesa da Assembleia Geral, classificou a data como “um marco histórico da existência desta instituição centenária” e afirmou que “comemorar 130 anos de longevidade é um sinal de vitalidade institucional e de serviço social em prol da população de Rio Tinto e das freguesias vizinhas.”
A jornada comemorativa incluiu ainda um debate sobre o papel atual das mutualidades, com a participação de representantes do setor social e mutualista, e terminou com um concerto intimista que assinalou, em tom de celebração, a força de uma instituição que continua a fazer história em Rio Tinto.