
A União das Mutualidades Portuguesas (UMP) vai lançar, em breve, um projeto-piloto ambicioso e transformador, que pretende marcar um novo capítulo na promoção da saúde mental em crianças e jovens em idade escolar. Intitulado "(Des)construir, (Re)pensar e (Re)educar, transformando vidas através da saúde mental", o programa, com duração de três anos, irá decorrer nos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, em Trás-os-Montes, tendo como principal ferramenta a arteterapia para desenvolver competências socioemocionais nos jovens.
O projeto é cofinanciado pelo programa NORTE2030, no âmbito das “Parcerias para a Inovação Social” da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social (EMPIS), e pela Fundação Calouste Gulbenkian, que se associa como investidor social. Além disso, a Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto oferece suporte científico.
“A saúde mental dos jovens portugueses é uma preocupação crescente e com as responsabilidades que as mutualidades têm na saúde e nas respostas sociais, a UMP sentiu-se impelida a tomar esta iniciativa, procurando fazer uma abordagem inovadora neste contexto e mobilizar o movimento mutualista para este problema”, explica o Presidente da UMP, Luís Alberto Silva.
No contexto da implementação do projeto no terreno, o dirigente iniciou, em Macedo de Cavaleiros, com o Presidente da Câmara local, Benjamim Rodrigues, e o Vice-Presidente, Rui Vilarinho, uma ronda de reuniões preparatórias com os autarcas dos três concelhos, para apresentar os objetivos, as suas principais etapas e atividades e apelar ao envolvimento e cooperação das autarquias.
Neste encontro, Luís Alberto Silva fez-se acompanhar de Choupina Pires, Presidente da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas Macedenses, instituição que está a reerguer-se com o apoio da UMP. “A realização deste projeto de saúde mental em Trás-os-Montes tem como objetivo, também, impulsionar o movimento mutualista nesta região, envolvendo e dando alguma visibilidade às associações mutualistas locais”, explicou.
Impactar 600 jovens através da arteterapia
O foco do programa é trabalhar diretamente com crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, entre os 10 e os 19 anos, que frequentam escolas do 2.º e 3.º ciclos e o ensino secundário. Estima-se que cerca de 600 jovens participem nas atividades, com prioridade para os beneficiários de ação social escolar, alunos inseridos em medidas de inclusão ou sinalizados pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) ou pelos agrupamentos escolares.
As atividades previstas incluem sessões de acolhimento, capacitação para professores e encarregados de educação, e laboratórios colaborativos, onde psicólogos, educadores sociais e professores de artes irão trabalhar com os alunos em projetos artísticos multidisciplinares. Estas iniciativas visam não só promover o bem-estar emocional, mas também reduzir o estigma em torno da saúde mental, aumentar o aproveitamento escolar, prevenir depressão e ansiedade, e fomentar a resiliência.
A arteterapia tem demonstrado ser uma abordagem eficaz para melhorar a saúde mental e desenvolver competências socioemocionais, permitindo a libertação de emoções contidas, e a expressão, pela via da criação artística, de emoções complexas, muitas vezes difíceis de descrever em palavras, e experienciar a sensação de realização através de uma obra tangível promove um sentimento de competência e valor pessoal.