O Serviço Nacional de Saúde (SNS) completou 45 anos de existência. Criado em 1979, durante o governo liderado por Mário Soares e impulsionado por António Arnaut, então Ministro dos Assuntos Sociais, Saúde e Segurança Social, o SNS foi um marco decisivo na garantia de acesso universal e gratuito aos cuidados de saúde para todos os cidadãos portugueses, independentemente da sua condição económica ou social.
A cerimónia oficial de comemoração ocorreu no dia 16 de setembro, no Auditório Emílio Rui Vilar, na Culturgest, em Lisboa. A União das Mutualidades Portuguesas (UMP) esteve representada pelo seu presidente, Luís Alberto Silva, e pelo vice-presidente, Luís Cristina de Barros. O evento contou ainda com a intervenção da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que assinalou a importância do SNS ao longo destes 45 anos.
Paralelamente, uma sessão foi promovida pela comissão parlamentar de saúde para assinalar a mesma data, onde Ana Paula Martins fez um apelo a um "amplo consenso nacional" para a implementação de uma "reforma estrutural" do SNS. A ministra sublinhou que este é um processo que "não terá resultados em semanas ou meses", mas que poderá necessitar de uma legislatura ou mais para ser concluído. Para tal, destacou que "os próximos Orçamentos do Estado são essenciais", frisando a necessidade de participação de "todos os agentes" na reforma do sistema.
Durante o seu discurso no Parlamento, a ministra da Saúde fez questão de lembrar a história do SNS, destacando conquistas como a criação das Unidades Locais de Saúde e a reforma da saúde mental, e referiu que Portugal conseguiu transformar "um dos piores sistemas de saúde do mundo" num dos mais reconhecidos, invertendo desigualdades e assimetrias. A ministra afirmou ainda que o objetivo da reforma não é apenas prolongar a vida dos cidadãos, mas garantir "mais qualidade para os anos vividos", e reforçou que as reformas "não se fazem contra as pessoas, os profissionais ou os autarcas", mas com a colaboração de todos.
Desde a sua fundação, o SNS evoluiu de forma a responder às necessidades de uma população em crescimento e envelhecimento. Atualmente, o número de consultas médicas realizadas no SNS quadruplicou em comparação com os primeiros anos de funcionamento, refletindo o aumento da esperança média de vida e as exigências maiores de uma sociedade em mudança.
No entanto, o SNS enfrenta agora desafios urgentes. A escassez de profissionais de saúde, especialmente médicos, é uma preocupação cada vez mais acentuada. Mais de metade dos médicos em exercício têm 50 ou mais anos, o que levanta questões sobre a renovação geracional no setor. Além disso, a pressão financeira sobre o sistema continua a aumentar, com a despesa pública em saúde a representar uma fatia cada vez mais significativa do orçamento do Estado.
O 45.º aniversário do SNS surge num momento em que se torna essencial refletir sobre o seu futuro. O envelhecimento demográfico e a crescente procura por cuidados médicos exigem que o sistema de saúde continue a adaptar-se e a encontrar soluções sustentáveis que permitam garantir a qualidade dos serviços prestados à população.