
“História do Mutualismo nas Ex-Colónias Portuguesas” é o título de um novo livro editado pela União das Mutualidades Portuguesas (UMP) que chegou em primeira mão na IV Reunião Anual de Presidentes Mutualistas, este sábado, dia 29 de janeiro, no Luso, Mealhada.
Esta obra procura identificar a extensão da disseminação do modelo mutualista nos territórios das ex-colónias portuguesas, a sua capacidade de adaptação institucional e resiliência, sem desconsiderar as ancestrais práticas de reciprocidade informal entre as comunidades locais.
O Presidente do Conselho de Administração da UMP, Luís Alberto Silva, considera que é “uma honra para a UMP poder ajudar a produzir conhecimento, respaldado numa investigação rigorosa, que práticas de mutualidade os portugueses encontraram à chegada a estes territórios, que políticas adotaram relativamente às organizações que as representavam e de que forma o processo colonial aí influenciou o mutualismo moderno”.
É o segundo livro lançado pela UMP nos últimos seis meses – e um terceiro deverá estar disponível ainda este ano –que representa “um importante contributo para o conhecimento da história do mutualismo português, sob diferentes abordagens”.
“Ao seu papel incontornável na sociedade, em áreas como a previdência social, saúde e proteção social, o mutualismo acrescenta uma história secular de resiliência que nos orgulha, a que interessa dar relevo, porque, nem sempre tem sido reconhecida a sua verdadeira importância”, sublinha Luís Alberto Silva.
O primeiro livro com a chancela da UMP foi lançado em julho último, no XIII Congresso Nacional do Mutualismo trouxe novos dados sobre as “Origens do Mutualismo em Portugal” (que se julgavam em 1297), situando-as, afinal, nos primórdios da nacionalidade, concretamente em maio de 1176, que corresponde à fundação da Confraria de Fungalvaz, Torres Novas, cuja ação tinha implícitas práticas de auxílio mútuo que são o caráter distintivo do mutualismo.
As duas obras são da autoria de Joana Dias Pereira e Rui Henriques, investigadores da Universidade Nova de Lisboa, que se dedicaram ao estudo sobre o percurso de oito séculos do mutualismo em Portugal, cujo modelo inspirou o moderno Estado Social e que, fruto da sua ação na sociedade, levou à criação, em 1916, do Ministério do Trabalho e da Previdência Social na orgânica do governo.
A investigação dos autores, agora editada, permitiu comprovar que a mutualidade foi uma prática utilizada transversalmente nas ex-colónias portuguesas, em contextos africanos e asiáticos e duradoura.
Esta nova edição da UMP aborda uma vertente da história do mutualismo muito pouco explorada e conhecida, tanto que os autores se depararam com muito pouca literatura sobre o mutualismo e a própria sociedade civil nestes contextos coloniais. “Estamos a desbravar um terreno quase virgem”, sublinha Joana Dias Pereira, assinalando que não encontrou nenhum estudo no contexto colonial e acedeu a “muito pouca coisa sobre o associativismo em geral”.
Para a autora, um dos pontos fortes do mutualismo é a sua história. “É um tesouro que o movimento mutualista tem. É uma prova da sua resiliência e capacidade de adaptação, da segurança que oferece aos associados”, sublinha, admitindo que dar a conhecer a sua história e divulgar o seu papel nas comunidades são formas de valorizar e dar notoriedade ao mutualismo.