“A alteração dos estatutos será uma viragem histórica na vida da Associação”
A Associação Artística de Socorros Mútuos 19 de Março acabou de celebrar o seu 127.º Aniversário. Hasteou as bandeiras na sua sede, juntou os associados numa romagem ao cemitério, numa missa solene e num convívio com os Órgãos Associativos. Com um passado rico e uma situação financeira confortável no presente, encara o futuro com esperança. O Presidente da Direção, José Manuel Mendes, acredita que o processo de alteração dos Estatutos em curso, será um momento de viragem na vida da Associação e um ponto de partida para novos desafios e para atrair novos Associados.
A Associação Artística de Socorros Mútuos 19 de Março é a instituição mais antiga de Tondela e das mais antigas do distrito de Viseu. É suficientemente reconhecida e acarinhada pelas gentes, demais instituições e autoridades locais?
É uma associação que nunca deixou de ser apreciada pelos habitantes de Tondela, a quem prestou serviço ao longo de todos estes anos. À época da sua criação, talvez fosse a instituição social ao dispor dos mais carenciados de maior relevância nesta área geográfica. Nos dias de hoje, mantém uma excelente relação com as pessoas, com as entidades e com as forças vivas da cidade. Continua a ser, não só pelas suas características, mas também pelo que tem contribuído para o desenvolvimento de Tondela e do seu Concelho, tendo sócios espalhados pelo resto do país.
A Associação acabou de celebrar os seus 127 anos. Está num bom momento deste longo percurso?
Tem tido altos e baixos, como é de imaginar e como acontece em todas as organizações. Não podemos fugir à conjuntura atual e hoje todas as pessoas têm apoios sociais e de saúde e a Associação passou a ter um papel não tão importante nesses domínios. Todos os associados que ainda fazem parte – e temos entre 120 e 150 – mantêm a sua fidelidade e são o suporte da Associação. No capítulo da gestão, temos uma situação financeira muito boa e a nossa preocupação é gerir esses fundos da melhor maneira e preparar alguma situação menos boa que possa acontecer com algum associado. Estamos em condições de os apoiar incondicionalmente.
Que atividades e modalidades de benefícios dinamiza?
A ajuda principal que damos aos Associados é na comparticipação de medicamentos e o subsídio de funeral. Damos apoio às pessoas mais carenciadas, desde que a Direção delibere nesse sentido. Participamos e estamos presentes também em eventos na área da cultura e do desporto do Município e de outras associações
Como é que tem sido a evolução em número de associados?
Por uma decisão de gestão, não temos admitido novos sócios. Não queremos correr o risco de não podermos cumprir os nossos compromissos com eles. Desde que assumi a Direção da Associação, a nossa preocupação tem sido a alteração dos Estatutos. Se não o fizermos, se não criarmos outros apoios e outras oportunidades aos associados, será muito difícil arranjar soluções para que a Associação continue de pé.
Os órgãos associativos são constituídos por 17 elementos e face à pouca atividade que a Associação tem tido e dadas as circunstâncias de as pessoas não terem grande interesse em se associarem, têm-se afastado um pouco e há sempre uma dificuldade muito grande em reunir pessoas que queiram integrar as listas. Quase temos que lhes pedir por favor. Os novos Estatutos já diminuirão o número de elementos dos órgãos associativos.
Esta revisão de Estatutos é encarada como uma grande oportunidade para abrir um novo ciclo na vida da instituição?
Estou esperançado nisso. Será uma reviravolta e uma viragem com grandes benefícios para a Associação.
Quais são os grandes planos para o futuro?
Temos alguns projetos, mas não é ainda o momento para os divulgar em concreto, porque não estão ainda devidamente alicerçados.
Estão a ser equacionadas novas áreas de atividade?
Estamos a pensar em áreas como a saúde e o apoio social para atrair mais associados… Compreendo a curiosidade, mas não queria revelar mais do que isto.
A revisão dos Estatutos era um desejo da Associação. O novo Código das Associações Mutualistas veio torná-la obrigatória. Como está a decorrer esse processo?
Antes de mais, tenho que deixar uma palavra de reconhecimento e agradecimento à forma como a União das Mutualidades Portuguesas se disponibilizou para nos ajudar neste processo.
Nós já nos tínhamos proposto alterar os estatutos há alguns anos e no sentido do que agora está a ser enquadrado, à parte as alterações obrigatórias por lei. Os novos estatutos já foram enviados no dia 3 de março para a Direção Geral da Segurança Social emitir o seu parecer e estamos a aguardar.
Tudo o que propusemos, foi ao abrigo da lei geral. As alterações mais significativas serão a transição de direção para conselho de administração e a duração do mandato de quatro anos.
Os novos estatutos serão um ponto de viragem?
Será uma nova vida para a Associação. É uma viragem histórica, vai ao encontro daquilo que temos em mente e dar cumprimento ao que nos propusemos.
A UMP tem apelado ao rejuvenescimento do Movimento Mutualista com a integração de mulheres e jovens nos órgãos Associativos. A AASM 19 de Março tem alinhado nessa orientação?
Estou no terceiro mandato e, em termos de paridade, poderemos não ter 50 por cento, mas andaremos nos 40 por cento de elementos femininos nos órgãos associativos. Há alguns anos tivemos muitos jovens que até criaram um jornal, mas, como não tinham qualquer benefício, deixaram de ser associados. É uma das situações que também poderá alterar-se na sequência da revisão dos estatutos.
Que desafios deixa para o futuro?
Que a Associação Artística de Socorros Mútuos 19 de Março, a exemplo de outras espalhadas pelo País, não deixe de ter o seu foco nas preocupações do dia-a-dia das pessoas. Lanço também um alerta a todos os mutualistas: que nos mantenhamos unidos, porque fomos e temos que continuar a ser uma chama viva da solidariedade e do apoio social, que são a razão da nossa existência.
publicado em 23-12-2019 | 15:58