Por Ígor Lopes, responsável pelo Departamento de Migrações, Integração, Cidadania e Impacto Social da Mutualista Covilhanense
Conhecida por atuar na área da Saúde e nas valências de apoio à terceira idade, a Associação de Socorros Mútuos Mutualista Covilhanense enfrenta hoje novos desafios ao dar respostas ao público migrante (imigrante e emigrante) que procura a região da Cova da Beira para viver, trabalhar ou estudar. Este novo segmento é já cenário de iniciativas que valorizam esta população estrangeira, e não só.
Em dezembro de 2020, a Mutualista Covilhanense iniciou a sua jornada no campo das migrações com a abertura da “Casa Moura”, projeto que acolhe jovens menores desacompanhados, fruto de um compromisso assumido pelo Estado português perante a União Europeia. Esta Casa de Acolhimento Especializada recebe, atualmente, 11 jovens, com idades entre os 16 e os 18 anos, oriundos de diferentes nacionalidades, como Paquistão, Egito, Bangladesh, Síria, Iraque, Somália, Palestina e Afeganistão.
O objetivo da equipa multidisciplinar que atua neste projeto é fazer com que os jovens adquiram competências e possam ser autónomos, levando uma vida normal na nossa sociedade. Hoje, temos uma equipa Educativa composta por 12 Técnicos Superiores; existem ainda duas psicólogas, dois assistentes sociais e uma diretora técnica, além de cinco profissionais de apoio. Muito brevemente, estes jovens poderão seguir para respostas subsequentes, como apartamentos de autonomização na região.
Muitos são os desafios diários no trabalho com estes jovens provenientes de campos de refugiados e que trazem consigo vivências com histórias muito difíceis (guerra, perseguição política e religiosa), além da já conhecida instabilidade emocional, ausência de rotinas e regras, diferenças culturais, baixa literacia e fraco nível de proficiência linguística. Todo este trabalho tem conquistado relevância nacional e internacional. O espaço já recebeu a visita do escritor e presidente do Centro do Património da Estremadura, Adélio Amaro; do deputado da Assembleia da República, Paulo Porto Fernandes; e, mais recentemente, Úrsula Corona, ativista e embaixadora da ONU no Programa Mundial de Alimentos (WFP), que aceitou ser “Madrinha” do projeto.
Com o trabalho desenvolvido na “Casa Moura”, a Mutualista Covilhanense está a atuar no ramo da Ajuda Humanitária, bem como a promover a integração e autonomização dos jovens acolhidos. E como a nossa Associação está a afirmar-se no apoio ao público migrante, nas últimas semanas foi criado o Departamento de Migrações, Integração e Impacto Social, que conta com um novo serviço: “Balcão do Migrante”, que procura apoiar cidadãos em questões documentais e jurídicas, além de realizar ações sociais e culturais, com o objetivo de perpetuar a memória deste público, uma forma de enriquecer também a nossa cidade, a nossa região.
O “Balcão do Migrante” funciona em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações e conta também com uma equipa multidisciplinar, incluindo juristas e técnicos, num processo de inclusão coeso e eficaz no seio da
comunidade de acolhimento.
No futuro, a nossa Associação pretende ser reconhecida também pelo seu trabalho de acolhimento, estratégia que atua em linearidade com o que já é feito com os idosos da nossa região. O amor, a entrega e a dedicação são marcas das equipas da Mutualista Covilhanense.