Sendo, como diz o ditado, a necessidade mestra do engenho, diria que essa necessidade acrescida de uma boa dose de altruísmo, levou a que um grupo de alentejanos, de coração, pois nem todos por nascimento, se unisse, em torno de uma causa, cujo principal objetivo, seria básica e simplesmente a união do esforço de todos, para em algum momento de necessidade socorrer um dos seus elementos.
Tal como ainda hoje, mas então muito mais acentuadamente, se fazia sentir a falta de resposta das entidades governamentais nos momentos mais duros e trágicos na vida das populações, sobretudo as mais carenciadas.
Com esse sentimento, e imbuídos do espírito de entreajuda, a génese do espírito mutualista, o pequeno grupo liderado por um então empregado bancário, de nome José Maria Correia, funda em 15 de outubro de 1926, a Associação de Socorros Mútuos “O Legado do Caixeiro Alentejano”, Instituição que, em 1982, altera a sua denominação para “Legado do Caixeiro Alentejano – Associação Mutualista”, que mantém, sendo hoje uma referência no Alentejo.
Inicialmente virada para uma franja restrita da população, pois só admitia como Associados, profissionais ligados ao comércio e á indústria, proprietários ou funcionários nas áreas de empregados de balcão, escritório ou caixas, é mais tarde a Instituição levada, pela vasta ação desenvolvida e pela aceitação incondicional junto da cidade, a alterar os seus estatutos com vista a poder receber no seu seio todas as áreas profissionais.
Tem “O Legado” aos longo dos anos, procurado responder às necessidades dos seus Associados em áreas tão distintas como no apoio à infância, apoio à terceira idade, apoio à habitação.
A base para os dois primeiros, está sedeada numa quinta na zona rural periférica à Cidade, a “Quinta dos Apóstolos”, propriedade da Instituição com a área de 12 hectares. Nela está, por um lado, um complexo de edifícios adaptados, em que funcionam a creche, o pré-escolar e uma sala de atividades extracurriculares, com uma população atualmente de 85 crianças, com idades entre os cinco/seis meses e os seis anos.
Noutra área, na mesma quinta, um edifício construído de raiz, alberga o Lar Residência e o Centro de Dia, e a base logística para o Serviço de Apoio Domiciliário.
O Lar Residência Apóstolos, tem trinta e um residentes, instalados em quartos duplos e individuais, e o Centro de Dia tem seis utentes. O Serviço de Apoio Domiciliário, assiste quarenta utentes.
Todas as respostas sociais baseadas na Quinta dos Apóstolos, interagem no espaço rural envolvente na segurança de um espaço privado, onde se fazem atividades entre crianças e idosos.
Quanto ao apoio dado aos Associados no que diz respeito à habitação, dispõe “O Legado” de algum património imobiliário arrendado a Associados com valores abaixo dos valores de mercado.
O Legado do Caixeiro Alentejano – Associação Mutualista, “jovem” instituição com 92 anos, ao serviço dos seus Associados, é hoje o orgulho de quem a serve, servindo através dela um vasto leque da população de Évora e arredores.
Reparo agora que o que pretendia ser um brevíssimo historial da vida de “O Legado”, parece ter um ligeiro sabor publicitário. Creiam não ser esse o meu objetivo, foi apenas o deixar transparecer o orgulho e a vaidade que sinto em presidir a Direção que gere esta Instituição.
VICTOR GODINHO
Presidente da Direçãodo Legado do Caixeiro Alentejano – Associação Mutualista